Inverno de 2018, cidade de Paris, França. Depois de uma longa viagem de três horas e dez minutos de trem, que partiu de Amsterdan, na Holanda, até a capital francesa, minha família e eu estávamos no hotel e demos início ao plano de passeios pela Cidade Luz. Entre os locais incríveis que escolhemos, não pude deixar de visitar o Musée de l’Armée, um ambiente dedicado às guerras e armas de todos os tipos e tamanhos. Porém, uma em particular, me chamou a atenção, que foi a Máquina Enigma, razão principal pela qual escrevo este artigo. Este dispositivo por si só carrega uma longa trajetória histórica sobre a evolução da tecnologia de criptografia, o nascimento do computador e ascensão da inteligência artificial como a conhecemos hoje.
MÁQUINA ENIGMA – Foto de arquivo pessoal
Um pouco de história
Criptografia significa “escrita oculta”, e sua história remonta à Antiguidade. O primeiro uso documentado da criptografia foi em torno de 1900 A.C., no Egito, quando um escriba usou hieróglifos fora do padrão numa inscrição.
Enéas, o Tático, foi um dos primeiros escritores gregos a escrever sobre a arte da guerra. No século 5 A.C, compilou os métodos de criptografia em seu capítulo 31 de Poliorcética.
O chamado “Codificador de Júlio César” ou “Cifra de César” que apresentava uma das técnicas mais clássicas de criptografia, é um exemplo de substituição que, simplesmente, substitui as letras do alfabeto avançando três casas. O autor da cifragem trocava cada letra por outra situada a três posições à frente no alfabeto. Segundo o autor, esse algoritmo foi responsável por enganar muitos inimigos do Império Romano; no entanto, após ter sido descoberta a chave, como todas, perdeu sua funcionalidade.
Destacam-se ainda os estudos de Blaise de Vigenère que constituíram um método conhecido como a cifra de Vigenère, que utiliza a substituição de letras, assim como a Cifra de César, porém, com diferentes valores de deslocamento alfanumérico.
A partir do período da Renascença, a criptologia começou a ser seriamente estudada no Ocidente e, assim, diversas técnicas foram utilizadas e os antigos códigos monoalfabéticos foram, aos poucos, sendo substituídos por polialfabéticos. Ao longo dos séculos, os processos tornaram-se mais complicados e a criptografia decolou.
Em 1919, o engenheiro holandês, Hugo Alexander Koch, registrou a patente de uma máquina de criptografia eletromecânica. Suas ideias foram retomadas pelo engenheiro alemão Dr. Arthur Scherbius, que criou uma empresa em Berlim destinada a fabricar e comercializar uma máquina de criptografia para uso civil: a Enigma. Embora a empresa tenha fracassado, a máquina Enigma atraiu a atenção dos militares alemães, que a adotou e começou a fazer uso para envio e recebimento de mensagens durante a Segunda Guerra Mundial.
Não vou me aprofundar no mérito da guerra e suas causas, mas sim em seus efeitos, tais como: o fim da guerra e suas consequências; a libertação dos prisioneiros dos campos de concentração; a prisão de oficiais nazistas; a criação da ONU; o início da Guerra Fria e, claro, a invenção e evolução do computador.
Todas essas consequências da guerra se deveu a uma única pessoa, o matemático Allan Turing, que ao longo de 3 anos de pesquisa e coleta e análise de dados, usou de toda a sua inteliência para criar uma máquina capaz de derrubar a máquiuna Enigma. Através de sua incrível habilidade matemática de estatística e predição, conseguiu desenvolver a The Bombe (A bomba). Esta máquina foi usada para decifrar as mensagens emitidas pelas forças armadas alemãs e que eram criptografadas pela Máquina Enigma. Assim, ele descriptografou os códigos enviados, permitindo que as mensagens dos alemães fossem interceptadas e conhecidas. Em seguida, as informações eram repassadas aos países alidados, que passaram a conhecer exatamente a posição dos inimigos no fronte de batalha.
O funcionamento da Enigma
A criptografia realizada pela máquina Enigma é simples e inteligente. Cada letra é substituída por outra, o truque é que a substituição muda de letra para letra. A máquina é alimentada por bateria elétrica. Quando uma tecla do teclado é pressionada, um circuito elétrico é fechado e uma letra no display acende, indicando por qual substituição a criptografia foi feita. Concretamente, o circuito elétrico é composto por vários elementos de uma cadeia. Assista o vídeo da explicação com o especialista Edward Ripley-Duggan:
Por fim, os computadores evoluiram rapidamente para o esforço de guerra, possibilitando o sucesso das incursões militares pelos países aliados, decretando o fim da Segunda Guerra e o nascimento da Inteligência Artificial desenvolvida por Alan Turing.
Aguarde meus próximos artigos sobre Inteligência Artificial aplicada a Gestão de Projetos.
Bibliografia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Criptografia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alan_Turing
https://pt.wikipedia.org/wiki/En%C3%A9as,_o_T%C3%A1tico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Computador
https://pt.wikipedia.org/wiki/Consequ%C3%AAncias_da_Segunda_Guerra_Mundial