Diariamente somos bombardeados por todos os tipos de informações, e algumas delas falam da Internet das coisas, comunicação homem-máquina, Inteligência Artificial, automação inteligente, sistemas ciberfísicos e a indústria do futuro, etc. Isso tudo parece coisa de ficção científica, algo como viver em um matrix não é mesmo? Então, saia da cápsula e veja a realidade com seus próprios olhos. Nada disso é ficção. É tudo real, acontece neste exato momento.
Na escola, nos é ensinado de forma recorrente, temas voltados à Revolução Industrial nas aulas de história. Lá aprendemos como foi o processo de formação da indústria no século XVIII, e como isso transformou o nosso modo de viver. Esta transformação foi um divisor de águas na história, e em quase todos os aspectos da vida cotidiana. Percebe-se que de alguma forma todos foram influenciados por esse processo na época. A população começou a experimentar um crescimento sustentável sem precedentes na história humana. Depois disso, o processo de evolução da indústria, seguiu o seu caminho e passou por quatro transformações significativas em menos de 170 anos, que são:
A industria 1.0 – Era da mecanização, com o surgimento da máquina à vapor e mecanização do trabalho manual no século XVIII.
A indústria 2.0 – Era da eletricidade, com surgimento da produção em massa e linhas de montagem nas fábricas, no século XIX.
A indústria 3.0 – Era da automação industrial da computação e da eletrônica no século XX.
A industria 4.0 – Era dos sistemas cyberfísicos e transformações digitais, marcando assim a quarta e nova revolução industrial, a partir do século XXI, a indústria 4.0, também conhecida por I4.0.
Com a chegada da I4.0, houve uma interligação econômica entre pessoas, máquinas, produtos, empresas, robôs, sistemas de software, e indústrias. Esse desenvolvimento afeta não apenas os processos de produção e armazenamento, mas também impacta os fluxos de trabalhos operacionais digitais e os processos de negócios de toda a cadeia produtiva das organizações. Essa interconectividade cresce rapidamente e substitui os processos manuais. No entanto, isso exige uma integração forte, confiável e segura entre esta rede de pessoas, processos e sistemas, formando assim a Cadeia de Valor. Esta integração é um dos principais impulsionadores do Industria 4.0.
É importante lembrar que uma Cadeia de Valor representa o conjunto de atividades desempenhadas por uma organização desde as relações com os fornecedores e ciclos de produção e de venda até à fase da distribuição final. Este conceito foi introduzido por Michael Porter em 1985.
Para compreender melhor toda essa transformação, é importante observar os nove pilares da I4.0, ou seja, as tecnologias que envolvem todo o processo de construção e desenvolvimento desta nova indústria, que são:
1. Segurança da Informação
2. Big Data
3. IoT (Internet of Thinks)
4. Realidade Aumentada
5. Robôs autônomos e colaborativos
6. Computação em nuvem,
7. Manufatura aditiva
8. Simuladores
9. Integração de sistemas
BENEFÍCIOS DA INDÚSTRIA 4.0
Uso dos recursos de forma mais eficiente. Com o Industria 4.0, você pode personalizar fluxos de trabalho e processos de negócios com mais eficiência e, assim, economizar em recursos importantes. Com isso, os funcionários podem concentrar-se em atividades de maior de valor agregado para sua empresa.
Ganhos de capacidade. Com fluxos de trabalho e processos automatizados, os recursos e as capacidades anteriormente bloqueados por falta de tempo e pessoas, agora são liberados. Com isso, essas novas capacidades produtivas podem ser reinvestidas, aumentando assim a competitividade das organizações no mercado.
Aumento do grau de qualidade. Quando fluxos de trabalho e processos são automatizados, há um aumento significativo no grau de qualidade dos mesmos. Com isso, os fluxos são planejados em detalhes, passando a ser implementados e testados extensivamente antes da implantação de projetos através de simulações. Isso significa que 100% de qualidade pode ser alcançada.
Segundo um artigo publicado recentemente pela escritora Lais Grilleti da Endeavor Brasil, os maiores ganhos da I4.0 são:
• Aumento de produtividade por meio da otimização e automação
• Digitalização dos produtos em um ecossistema interconectado
• Os dados gerados hoje moldam os produtos de amanhã
• Prever o que vai acontecer antes de a linha de produção parar
A escritora Lais Grilleti afirma ainda em seu artigo que: “A capacidade de disrupção da Indústria 4.0 é tão grande que pode afetar todos os setores conhecidos, principalmente no Brasil onde esse movimento ainda é incipiente. O que há de comum entre todos os setores, que combinam a necessidade de implementar os elementos da indústria 4.0 nos seus processos produtivos, é a necessidade de aumentar a produtividade, sem diminuir a qualidade da produção”.
De acordo com a análise do Arquiteto de TI da IBM, Antonio F. Gaspar Santos: “No cenário brasileiro os padrões de I4.0 ainda são incipientes devido a um legado de maturidade na adoção de tecnologias e princípios inerentes. A expectativa é que a I4.0 trará um impacto de dimensões sem precedentes na história das revoluções industriais”. E, além disso, segundo Gaspar Santos, há seis princípios que tem sido associado ao tema I4.0, que são:
• Interoperabilidade, no qual objetos, máquinas e pessoas precisam estar aptas a se conectar e interagir;
• Virtualização, que permite criação e simulação de situações e modelos reais para testar configurações de ambiente produtivo;
• Operação em tempo real, uma smart factory precisa ser capaz de coletar dados, armazenar e analisar em tempo real para a tomada de decisão;
• Descentralização, permite que as decisões sejam tomadas de forma independente pelos módulos autônomos de produção, chamados Cyber Physical Systems (CPS);
• Orientação a serviços. Esse princípio está associado à Internet of Services. A produção tem que ser “orientada ao cliente”, portanto as pessoas e os dispositivos inteligentes que compõem a manufatura devem se conectar visando a criar produtos baseados nas especificações do cliente;
• Modularidade. Em um mercado dinâmico, a adaptabilidade é essencial. Esse princípio permite um processo produtivo variável de acordo com as demandas e respectivas facilidades de acoplamento/desacoplamento de módulos produtivos”.
O empreendedor da Endeavor José Rizzo explica que: “A indústria nacional ainda está em grande parte na transição do que seria a Indústria 2.0, caracterizada pela utilização de linhas de montagem e energia elétrica, para a Indústria 3.0 que aplica automação por meio da eletrônica, robótica e programação. A boa notícia é que não precisaremos passar por todo o processo ocorrido nos países desenvolvidos. Podemos e devemos queimar etapas”.
Como podem ver caros leitores, está havendo uma mobilização global de pessoas e empresas engajadas no aperfeiçoamento da Indústria 4.0. Sai na frente quem detém as informações adequadas, o conhecimento adquirido e o melhor perfil de adaptação para esta nova transformação do mercado mundial. O cenário é promissor, mas os profissionais e as organizações devem estar preparados para acompanhar essa tendência, e assim garantir o seu lugar ao sol. Este setor irá ditar as novas regras dos negócios nos próximos anos. Por isso, devemos estar na vanguarda desta revolução tecnológica para nos incluirmos nesse novo modelo de desenvolvimento industrial.
Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial
https://www.ibm.com/developerworks/community/blogs/tlcbr/entry/mp292?lang=en
https://endeavor.org.br/oportunidades-industria-4_0/
Taylor, George Rogers. The Transportation Revolution, 1815-1860. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0873321013
HOBSBAWM, Eric J. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo (5a. ed.). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. ISBN 85-218-0272-2
Porter, Michel E. Estratégia Competitiva – Técnicas para análise de indústrias e da concorrência; Tradução de Elizabeth marinho de Pinho Braga. 2ª Edição. Rio de Janeiro, 2004. Elsevier, 7ª Reimpressão.